quinta-feira, 13 de novembro de 2008

LEONARD BLOOMFIELD: A LINGÜÍSTICA ESTRUTURAL

Derli Lemes


Para Paín (1996) um bebê humano lançado à própria sorte não sobreviveria, pois o ser humano é o único animal que depende de dois fatores para viver: um é o universo objetivo, ou seja, a materialidade da vida e das relações com outros humanos; e outro, refere-se ao universo subjetivo que compreende a transmissão de conhecimento, linguagem, de formas de pensar, entre outros. Estudar o comportamento humano é para teoria freudiana analisar um ‘atravessamento’ de realidades, influências e principalmente acontecimentos. Obviamente que estes acontecimentos irão ocorrer com a participação do contato e do dialogo entre os indivíduos, desta maneira encontramos a importância do estudo da lingüística, ou seja, a compreensão da linguagem verbal humana.
Segundo Paveau e Sarfati (2006), as pesquisam na área da lingüística se restringem atualmente ao universo descritivo. Os autores estão procurando clarificar a natureza da linguagem sem usar juízos de valor ou tentar influenciar o seu desenvolvimento futuro. E, alguns profissionais do estudo da lingüística procuram erroneamente estabelecer regras para a linguagem, sustentando um padrão particular que todos devem seguir.
Bizzocchi (2000), afirma que os lingüistas dividem o estudo da linguagem em:
· Fonética: estudo dos diferentes sons empregados em linguagem;
· Fonologia: estudo dos padrões dos sons básicos de uma língua;
· Morfologia: estudo da estrutura interna das palavras;
· Sintaxe: estudo de como a linguagem combina palavras para formar frases gramaticais.
· Semântica: pode ser, por exemplo, formal ou lexical, o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram;
· Lexicologia: estudo do conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que contribui para a lexicografia, área de atuação dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico;
· Terminologia: estudo que se dedicada ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas;
· Estilística: estudo do estilo na linguagem;
· Pragmática: o estudo de como as oralizações são usadas (literalmente, figurativamente ou de quaisquer outras maneiras) nos atos comunicativos;
· filologia: é o estudo dos textos e das linguagens antigas.

A lingüística também se divide em teórica e histórica: a primeira procura estudar as várias questões sobre como as pessoas usando suas particulares linguagens conseguem realizar comunicação; evidenciando as propriedades que todas as linguagens têm em comum; buscando perceber qual o conhecimento que uma pessoa deve possuir para ser capaz de usar uma linguagem, bem como a maneira com que a habilidade lingüística é adquirida pelas crianças. Todavia, a lingüística histórica estuda a linguagem em um dado ponto do tempo (geralmente o presente - lingüística sincrônica) ou a sua evolução através do tempo (lingüística diacrônica) (PAVEAU E SARFATI, 2006). A lingüística histórica até século XIX objetivou classificar as línguas do mundo de acordo com suas afiliações, descrevendo o desenvolvimento histórico.
A preocupação com a descrição das línguas percorreu o mundo, resultando na criação de teorias e análises de várias profundidades da lingüística. Destas discussões, emergiu o campo conhecido como lingüística estrutural, que teve dentre os pioneiros a presença marcante de Leonard Bloomfield.
Leonard Bloomfield (1887-1949)
[1] é considerado o fundador da lingüística estrutural norte-americana. Nasceu em Chicago e se formou como bacharel na Universidade de Harvard no ano de 1906, recebendo o doutorado na Universidade de Chicago em 1909. Em 1917 pesquisou e analisou o Tagalog e outros idiomas extensivamente, e na década de 1920 trabalhou no agrupamento dos idiomas Nativos americanos. Em sua trajetória foi responsável em 1924 pela fundação da Sociedade Lingüística da América.
Para Bizzocchi (2000) e Paveau & Sarfati (2006), Bloomfield deve ser conhecido pelo seu compromisso com a lingüística enquanto ciência independente e, principalmente por sua insistência no uso de procedimentos científicos/empiristas. No início de sua carreira foi influenciada pelo Behaviorismo das ciências naturais, uma escola psicológica baseada no estudo objetivo do comportamento. Ele fundamentou sua teoria pela aproximação do significado com os princípios behavioristas, no qual a principal publicação ocorreu em 1933, intitulada Language (Linguagem). Esta obra é considerado por muitos como o texto clássico de lingüística estrutural, também tida com o próprio estruturalismo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Bloomfield com a colaboração de outros lingüistas, desenvolveu material de ensino para uma variedade de línguas cujo conhecimento era necessário para o esforço de guerra. Este trabalho levou ao aumento da proeminência do campo da lingüística, que se tornou uma disciplina reconhecida na maioria das universidades americanas no após a guerra.
[2]
O trabalho de Bloomfield caracteriza a sintetização da teoria e da prática de análise lingüística, que através da colaboração do lingüista Edward Sapir viabilizou as bases para o surgimento do Estruturalismo Americano (BIZZOCCHI, 2000). Muitos foram os discípulos de Bloomfield, em especial temos Zellig Harris orientador da tese de doutorado de Noam Chomsky, responsável pela teoria da mentalista da língua, opositora da visão estrutural de Bloomfield.
Por fim, Leonard Bloomfield contribui com o estabelecimento das bases epistemológicas do estudo da linguagem, principalmente na relação teoria e prática a partir do método empirista.


Referências

BIZZOCCHI, Aldo. Fantástico mundo da Linguagem. In: Revista Ciência Hoje. Vol. 28, nº 164, Setembro de 2006, p. 38-45.

BLOOMFIEL, Leonard. Dados biográficos. Disponíveis em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Bloomfield. Acesso em 30/10/2008.


ESTRUTURALISMO-AMERICANO. Disponíveis em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%Adstica. Acesso em 30/10/2008


PAIN, Sara. Subjetividade e Objetividade. SP: CEVC, 1996.

PAVEAU, Anne Marie; SARFATI, Elia. As grandes teorias da Lingüística: da gramática comparada à pragmática. Trad. Editora Claraluz. SP: Claraluz, 2006.




[1] Dados biográficos do autor disponíveis em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Bloomfield. Acesso em 30/10/2008.
[2] Informações disponíveis em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%Adstica. Acesso em 30/10/2008.

Nenhum comentário: